Programa de Terapia Ocupacional auxilia no desenvolvimento de apenados do Complexo Médico Penal 27/03/2024 - 15:09

No âmbito da reinserção social e da promoção da saúde mental, o Complexo Médico Penal (CMP) da Polícia Penal do Paraná (PPPR) tem investido em iniciativas positivas. Dentre elas, está o setor de Terapia Ocupacional, um programa destinado aos apenados que realizam acompanhamento psiquiátrico e/ou psicológico, como parte de seu tratamento.

As atividades desenvolvidas são cuidadosamente planejadas por duas terapeutas ocupacionais com encontros semanais, de duas horas para promover o desempenho ocupacional dos indivíduos, visando trabalhar capacidades cognitivas, sensoriais, motoras e sociais através do artesanato.

A Defensora Pública do Paraná, Andreza Lima de Menezes, que acompanha as atividades da unidades, ressalta a importância da execução de trabalhos desse tipo para auxiliar no desenvolvimento psíquico dos pacientes e resgate da identidade. “A Defensoria Pública defende que as equipes técnicas e o trabalho inclusive da segurança da Polícia Penal seja todo voltado na perspectiva de construção de alternativas fora da prisão. E nesse aspecto, o trabalho da equipe do setor de terapia ocupacional está bem efetivo”.

O diretor-adjunto da Polícia Penal do Paraná, Maurício Ferracini, destacou a importância dessas iniciativas: "Acreditamos que a ressocialização é um aspecto fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e segura. Investir em alternativas como a Terapia Ocupacional contribui para o bem-estar dessas pessoas que encontram-se em sofrimento mental, evidenciando o trabalho da Polícia Penal em construir uma custódia digna e respeitosa”.

O Complexo Médico Penal (CMP) é uma unidade prisional destinada à custódia de pessoas privadas de liberdade do sexo masculino e feminino. Possui uma ala destinada especificamente a condenados ao cumprimento da chamada medida de segurança, que é uma classificação de penalidade a indivíduos com sofrimento psíquico e/ou em tratamento de saúde. Além disso, o CMP também custodia apenados com prerrogativas decorrentes do cargo/função exercido, portadores de diploma de nível superior ou separados por ordem judicial para resolução de conflitos.

“Na atual gestão, visamos proporcionar aos custodiados uma atenção integral das áreas técnicas do CMP, desde o atendimento médico, psiquiátrico e psicológico até o serviço social, pedagogia e terapia ocupacional. O setor de Terapia Ocupacional internaliza valores laborais, econômicos, socioculturais, psicossociais e de afetos”, enfatiza o diretor do Complexo Médico Penal, Edwaldo Willis de Carvalho.

A terapeuta ocupacional da unidade, Lucineide Inácia Barbosa,conta que as atividades desenvolvidas visam realizar um trabalho de ressignificação, praticando e conscientizando os pacientes sobre o respeito ao próximo, trabalho em equipe, disciplina e organização mental.

“A ideia é sempre fazer atividades significativas, que trabalham a expressão e tenham relevância na vida e no desenvolvimento individual de cada um. O ponto mais importante é a questão da reorganização mental deles, porque a oficina de artesanato traz menos tempo ocioso ao dia. Além disso, eles são pessoas duplamente estigmatizadas, sendo privados de liberdade e pacientes psiquiátricos. Portanto, todo o trabalho que fazemos traz também mais sentido à vida deles através da produção”, conclui Lucineide.

Segundo a terapeuta ocupacional da unidade Andrielle Caroline de Melo das Graças, está sendo trabalhada a iniciativa de a produção dos pacientes terem uma forma lúdica de geração de renda. “Para que possamos desenvolver mais ainda as habilidades cognitivas deles e o sentimento de serem produtivos, criamos uma troca inteligente e lúdica. Então, trocamos os artesanatos produzidos por novos materiais de trabalho, sempre com o consentimento e interação ativa de cada um”, conta.

O sucesso do programa de Terapia Ocupacional no CMP é evidenciado pelos relatos positivos dos participantes, que encontram na atividade uma oportunidade de crescimento pessoal e transformação. “Eu agradeço muito às terapeutas que me ajudam a cada dia. Todos os dias eu penso no que posso fazer de útil e no que quero fazer fora das grades, então a terapia me ajuda muito a me ensinar a ter foco e algo a mais para fazer durante a semana”, compartilha um dos participantes do grupo.

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